sábado, 11 de agosto de 2012


“Três da manhã e ela começa o cutucar na cama.
— Pê, amor, Pedro… acorda.
— O que foi, Liz? - responde ele com voz de sono.
— Acho que quero ir no banheiro.
— Uhum.
— Vai falar só isso?
— Você bebeu quase dois litros de coca-cola, quer mais o que? Que eu vá no banheiro com você?
— Seria uma boa.
— Você já é crescidinha demais pra isso.
— Mas eu tenho medo de escuro.
— E de barata, de ratos, de bicho papão…
— Pelo menos eu não tenho medo de altura.
— Cala a boca.
— Amor, vamos no banheiro comigo? - diz fazendo beicinho.
— Tá bom, Liz.. tá bom - ele se levanta resmungando.
Chegam no banheiro e ela o encara dizendo:
— Espera aqui na porta. E é pra esperar mesmo.
— Tá bom - ele diz sentando-se encostado na porta após ela a fechar.
Passado alguns minutos…
— Liz, morreu ai dentro?
— Não, é que me deu vontade de tomar banho.
— Não, vamos pra cama amor.
— Vamos tomar banho.
— Vamos?
— Se não quiser pode ficar ai olhando.
— Quero dormir, vou voltar pra cama e você fica ai então.
— Não.
— Mas eu to com sono e vou ter que acordar cedo amanhã.
— Mas e o medo do escuro e de ficar sozinho? Como fica?
— Então anda logo, Liz.
Ela deixa o pijama em cima da pia do banheiro e entra no chuveiro.
— Pedro?
— Oi?
— Tem certeza que não quer vir?
— Tenho.
— Então olha pra mim.
— To com sono, não me atiça.
— Poxa amor… tá bom.
Ela termina o banho, se enrola na toalha:
— Vem, vamos dormir.
— Liz?
— O que foi?
— Acho que quero tomar banho.
— E eu quero dormir.
— Toma banho comigo.
— Quando eu te chamei você não quis, não quero agora também.
— Por quê?
— Porque já tomei.
— Mas amor…
— Não.
— Tá, vamos dormir.
— Pra que quer tomar banho comigo?
— Porque estou com saudade.
— Eu to aqui, não precisa sentir saudade.
— Não amor, é outra saudade, saudade física.
— E quer matar ela como?
— No banho.
— No banho?
— É.. e depois te fazer um cafuné até você pegar no sono e a gente dormir de conchinha.
— Eu quero.
— Mas a gente vai dormir agora.
— Mas eu to com saudade.
— E vai querer matar como?
— No banho.. e ganhar cafuné, e depois dormir de conchinha.
— Então vem, mas é só porque eu to com saudade.”
— Vem matar essa saudade. 

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